sábado, 5 de fevereiro de 2011

♠♠♠ Cruz Encarnada ♠♠♠

******************************************************** “Justiça! Todos a querem e clamam alto.
******************************************************** Mas a compreensão e o entendimento
******************************************************* são ignorados quando o ‘summum Jus’
******************************************************* inflama os povos que estavam tão perto...”
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♠♠♠♠♠ Amanda! Que surpresa agradável, chegar aqui e te encontrar no sofá! Há tempos que não te vejo, nem mesmo na escola de circo, onde nos conhecemos... É! Eu estive longe... Tudo bem? Como tem passado? ... Gabriel me disse que falta pouco pra tu ser advogada... Além de ser uma bela pianista e uma exímia acrobata. Ele sente muito orgulho. Já de mim... Eu nem sempre estou por perto para ajudar... Mas... O que foi?! ... Que olhos tristes... Tu pode ser honesta comigo, querida: algo te deixa desconfortável? Eu fiz algo? .... Eu sei ― Posso ver pelo teu olhar ―; não sei se é desconfiança, mágoa, medo ou algo além... Quando alguém, especialmente tu, me olha assim, eu sofro... Nunca te fiz mal algum, e nem faria... Sinto saudades de quando, anos atrás, éramos uma família unida. Infelizmente, tive motivos para me afastar. Te amei desde quando te vi pela primeira vez. Gabriel é infalível nas escolhas. E eu sempre te dediquei todo o amor de um tio, embora sejamos mais irmãos... Sempre pareci mais irmão dele do que filho... Sempre revezamos, contigo nos braços, mas durou bem pouco... Háhá... Estas relações incestuosas até me lembram a velha Europa... E isso dói! Mas... Ah... Vejo que tu descobriu bem mais do que já te contei: isso na tua mão... É, sim, é meu! Um dia te contaria; mas, pelo visto, tua curiosa sagacidade revelou bem mais do que tu esperava... Mas como...?! Ah! ... Não importa. Agora tenho que emendar. Um dia te contaríamos. Deixa eu tentar explicar. <Silêncio e hesitação>.
♠♠♠♠♠ Vancouver é linda, não?! Veio assistir as Olimpíadas, ou também participar de alguma modalidade noturna? ... Teus olhos me atingem, Amanda. Isso é raiva?! É decepção?!  Lágrimas... Olha! Eu estou aqui, neste hotel, no apartamento de vocês, porque Gabriel me chamou. Eu não quero impor minha presença. Não os vejo há mais de doze anos... Achei que iria receber um abraço... E um beijo no pescoço, como aqueles... Mas mesmo que tu tenha estas dúvidas, ainda sou eu, minha menina!
♠♠♠♠♠ Amanda... Acredita em mim! Eu nunca esconderia, e não teria porquê! Somos o que somos! O quê teria de pior em mim quando respirava? As pessoas criam heróis e bandidos. Os humanos vivem dessa falsa segurança, baseada em uma sociedade hipocritamente norteada pelo “certo” e “errado” que alguns ditam. <Pausa>.
♠♠♠♠♠ Sim, isso aí era meu! Como também os uniformes expostos nos manequins, no salão de coleções do Gabriel. Aqueles que, talvez, tu pensasse que tivessem sido comprados em uma loja de relíquias. Não o foram! ... E o preço foi minha alma. Entretanto, apesar dos julgamentos apressados das pessoas, e de membros de quaisquer covis, eu nunca cometi excessos. Ouça! E julgue... Começarei pela parte que tu conhece:
♠♠♠♠♠ “Minha infância foi feliz. Meu pais me educaram. Minha mãe, uma francesa meio cigana, fez questão de por seu sobrenome em mim: Leblanc. Meu pai queria me chamar apenas Siegfried Keller, mas cedeu porque ainda não havia problema algum. Minha mãe me ensinou a gostar do circo, e desde criança eu a acompanhava diariamente aos arredores de Viena, onde um tio dela mantinha um grande picadeiro. Foi lá que aprendi a balançar no trapézio e nas cordas. Foi lá que, mais tarde, me tornei atirador de facas. Meu pai, como bom alemão instruído, me fez ter aulas de piano. O tal tio me ensinou violino. Assim eu passava o tempo, entre a escola e as aulas. Mozart, Bach... Eu aprendi muitas coisas na época. Mas o circo... Esse era o que eu gostava. Estes eram tempos de paz, e ninguém ali imaginava...” <Pausa>.
♠♠♠♠♠ A parte que tu ainda não conhece... <Silêncio>. “Adolescente, penei. Meu pai me fez ir à academia militar (o Diretor era seu primo). Dissera que ali eu teria um futuro. Que estaria seguro. Isso era lá por... Sei lá que ano! Fizeram de mim um boneco moldável e obediente. Até ali, tudo era disciplina e teoria.
♠♠♠♠♠ “No inverno de 1938, deixei a academia militar, aos 23 anos. Direto para ser um polido tenente, e comandar uma das garbosas companhias do Reich. Minha família percebera o erro. Já não mais haviam circos nem ciganos. Todos se foram, inclusive minha família (que, afinal, era ‘mestiça’). Por questões filosóficas, mudaram-se para a Suíça, onde a neutralidade parecia ser um alento à guerra iminente. Tentaram levar-me, mas temi desertar e ser perseguido. Temi mais por minha família. Me despedi sem saber o que me esperava. Em 1939, eu era pára-quedista da Lufthwafe, e ensinava alguns soldados do Reich a saltar nos campos da Baviera. Fui à França com minha companhia, com a missão de patrulhar as glamurosas ruas de Paris, e limpá-las dos perigos oferecidos pela fraca mas incômoda Resistência Francesa. Isso, lá pelo outono de 1941. <Pausa>. Apesar de ser o típico soldado ariano que mein Fürher elogiava, eu não gostava da idéia de invadir a França, o país de minha mãe.
♠♠♠♠♠ “Eu era dado à festas e cabarés. Lá, conheci Helène, uma dançarina de cabaré com sardas e cabelos vermelhos. Apaixonei-me. Ela correspondeu. Daí até 1942, eu ora estava ali, ora patrulhando. Sabe, não gosto de matar. Mas fui treinado para isso. A SS tentava impetrar na nossa alma a doutrina da supremacia ariana. Eu parecia estar imune... Enquanto alguns compatriotas iam às lágrimas diante das torrentes da propaganda ‘Deutschland Über Alles’, outros apenas sentiam-se perdidos, como eu. Combati os ingleses e exterminei muitos. Americanos, tive pouca oportunidade, mas abati alguns.” Isso não me incomoda, garanto.
♠♠♠♠♠ Não me imagine com aquele impecável sobretudo repleto de botões dourados, condecorações Nazi, e o broche da SS na gola. Afinal, não éramos a SS... Odiávamos a Shutztaffel! Éramos apenas soldados regulares, a Wehrmacht. Éramos nós quem dávamos a cara a tapa ― ou melhor: o peito ao aço... Enquanto as Waffen-SS chegavam para levar os "louros", nós estávamos abrindo caminho na linha de frente! Por isso, me imagine vestido exatamente como todos os outros soldados alemães, com aquele capacete característico daqueles sujeitos que, nos filmes, ficam atirando nos "mocinhos".
♠♠♠♠♠ “Prometi à Helène levá-la comigo para casa. No verão de 42, um Major, não lembro o nome dele, desejou minha dançarina. Pedi dinheiro a meu pai, e enviei-a para a Suíça, sob minhas expensas. O tal Major, irritado, mas sem um motivo convincente para me prejudicar, acabou tendo sua doce vingança: arranjou para que eu fosse transferido. Me mandariam para Treblinka. Mas, diante da misteriosa destruição de Treblinka, acabei em Auschwitz-Birkenau. Então, eu já era Capitão. O Capitão Keller. Eu não gostava de combater, de matar gente, quer fossem inimigos ou não. E ali, num campo de concentração, não haveria combate. Entretanto, haveria muito mais sofrimentos. Me mandaram também para um campo de trabalhos perto de Nuremberg. Por fim, achei-me num campo de prisioneiros de guerra na Ucrânia. Todos estes movimentos em apenas alguns meses. Neste último, fiquei mais tempo: dois meses. Conheci um grupo de ciganos e prisioneiros do leste ― ucranianos rebeldes, na maioria. Eu passava os dias tocando piano e violino, para não ver os abusos dos SS contra os prisioneiros. E tive a sorte de não ver muita coisa ali. Quando o comandante viajava (e eram muitas as vezes, levando sua corja de ordenanças), eu entrava nas ‘casas’ para perguntar se alguém sabia tocar algo. Eram muitos os prisioneiros com quem dividi momentos de alegres canções. Meus soldados riam e compartilhavam também. Mas nem todos. Algumas vezes, tive de explicar aos Coronéis (e, conseqüentemente, à Gestapo) por quê eu passava tantas horas do dia entre tanta gente ‘suja e condenada’. Meu cinismo e minha lábia me salvaram o posto e a vida muitas vezes. Entre o inverno de 1944 e o fim da guerra, em 45, eu estava na Itália, de onde recuávamos para os Alpes. O Terceiro Reich estava morrendo.” Sim! Isso aí na tua mão, querida... É mesmo a Cruz de Ferro.
♠♠♠♠♠ “No início, eu tinha orgulho de meu uniforme, e até mesmo da águia com a suástica, a ‘cruz encarnada’... Ninguém imaginava o alcance que tal simbolismo teria... Até eu ver alguns ‘companheiros de violino’ ocasionais tombarem à luz do dia ante o estampido das pistolas Lugger e Mauser... E eu nem podia demonstrar nada: nem ponderações, nem lamento, nem surpresa, nem dúvida. Eu me escondia covardemente atrás dos símbolos do Império alemão, da águia e da suástica. Quanta bravura!
♠♠♠♠♠ “Mas houve bravura... Fui indicado para receber a primeira Cruz de Ferro ao salvar alguns soldados (entre eles, um Coronel) de um 'Panzer' em chamas, apenas uns meses antes de Nuremberg. Da segunda vez, ganhei esta, por salvar soldados alemães feridos (e alguns oficiais) de um 'bunker' em chamas, já na Itália, no início de 45.
♠♠♠♠♠ “Quando a guerra acabou, os russos haviam chegado a Berlim antes dos outros. Nós, oficiais acima de tenente, havíamos fugido, para não sermos ‘julgados’ e condenados por termos apenas cumprido ordens. <Silêncio>.
♠♠♠♠♠ “Eu e mais alguns fugimos para o sul, para a Suíça. Mal me despedi de meus pais. Dali, fui para a Hungria, e para Grécia, de onde voltei para a Itália, pelo Mediterrâneo; e dali, para o Egito. Fugi disfarçado, fingindo ser um ex membro da Resistance Française. Fui para o Marrocos, e de lá para Angola. Desembarquei em Salvador, em 21 de setembro de 1945, num navio mercante. Ali, em Salvador, Brasil, conheci Gabriel. E não vi mais a neve. Nunca mais.” Até hoje, aqui, no Canadá.
♠♠♠♠♠ “A noite estava quente, e eu bebia água de côco. Na Suiça, eu havia me desfeito de algum ouro que guardara, trocando-o por dólares. Poderia viver bem, se não fosse perseguido. A população da Bahia parecia ser hospitaleira, mas desconfiada. Eu precisava ir para o interior. Num bar, ao suspirar por Helène, resmunguei em alemão, e percebi a burrada (eu deveria falar apenas em francês). As pessoas, muito escuras, naquele bar, pareciam não diferenciar. Mas um rapaz jovem e muito bem alinhado, vestido todo em branco, com um chapéu caído sobre a testa, se aproximou. Fiquei apreensivo. Eu tinha a pistola Mauser sob a camisa, mas não queria usá-la; ou teria que fugir novamente. Contudo, ele sentou-se a meu lado, sorriu e pediu mais água de côco, dizendo que pagaria. Desconfiei. E ele me perguntou se eu falava Romani. ‘Como?! Como ele sabia?!’ Suando muito, fiz que sim com a cabeça, já pensando em justificar sem escorregar. Ele me disse para ficar calmo. E perguntou de onde eu vinha. ‘Marseille’, eu respondi. Ele, então, me convidou para ir à sua casa. Mas o que ele queria de um marinheiro esfarrapado, assustado, que não demonstrava segurança no que dizia?! Ele sabia... Sim, ele sabia. A idéia de ter um fugitivo de guerra nas mãos, à sua vontade, o excitava tanto quanto a vontade de conhecê-lo, de perguntar-lhe sobre ‘como era lá, de verdade?’. Na casa dele, eu abri meu coração, contei tudo, tudo o que te conto agora. E ele simplesmente sorriu, e perguntou se eu desejava morrer. Eu disse que, apesar de não merecer, eu não lutaria contra o destino... Ele me olhava fascinado, à medida que eu narrava as situações, os combates, tudo.
♠♠♠♠♠ "Dias se passaram sem que eu jamais o visse à luz do sol. Mas todas as noites, ele vinha ao quartinho que cedera-me, sem aceitar pagamento (e sem perguntas sobre o ouro e os dólares), para ouvir mais. Havia um piano na sala. Lembro de ter tocado Mozart e Bach para ele; e o ‘Paso Doble’. Na penúltima noite, toquei um violino que ele trouxera de um baú. Acho que toquei ‘Ave Maria’ e ‘Jesus Alegria dos Homens’. E o ‘Hino Cigano’, para variar (e não parecer muito nacionalista. Nada de ‘Lili Marlene’ ou ‘Mein Guter Kamerad’). Nunca toquei com tanta vontade de agradar. Afinal, se ele me entregasse, eu enfrentaria os mesmos horrores de que nos acusavam de cometer. Era a minha vida.” He-he... Vida! Eu ainda tinha uma, apesar de fragmentada e incerta.” Não chore, doçura, ou vou chorar também...
♠♠♠♠♠ “Na noite de 27 de setembro 1945, na sala de estar de sua casa, Gabriel sentou-se a meu lado. Eu estava tenso. Ele se aproximou, pôs a mão em minha cabeça... Eu não conseguia mexer um dedo. Ele parecia certo, embora eu não entendesse... Tonto de calor, eu esmoreci. Quando dei por mim, ele estava com a boca em meu pescoço. Senti uma leve ardência, como de esfolado, mas suave. À medida que ele me sugava (!?), eu não sabia se dava risadas ou se xingava. Nada podia fazer. Estava num transe que nunca conhecera. Sentia frio. Muito frio, apesar do calor baiano. Quando ele me soltou, desabei no sofá.
♠♠♠♠♠ “Desmaiei e acordei rapidamente, e vi seu pulso sobre mim, aberto, sagrando.... Ele me mandava beber. Eu ignorei. Ele abriu minha boca, mas desfaleci.” Bem, ele conseguiu. Estou aqui, não é?! Deixa eu contar a dor após o beijo e o abraço... “Acordei com dores de estômago, de cabeça, e dores por tudo... Agonizei minutos que pareceram horas no chão, gemendo e grunhindo. Apaguei de novo.
♠♠♠♠♠ “Acordei definitivamente lúcido, mas sentindo uma ânsia tremenda por... Não acreditei. Não podia ser. Gabriel trouxera uma moça muito loira, meio apática, mas disposta (?!). Recusei! Sim, recusei tornar-me... Mas ela ofereceu seu braço... Gabriel me fez parar na hora certa, e me ensinou a ‘lamber’. Após, veio uma mulata linda. Foi a mesma coisa. Elas, deliberadamente, ofereciam-se. Era inacreditável!
♠♠♠♠♠ “Gabriel e eu vagamos pelo recôncavo, juntos, sempre vivendo bem com os ‘normais’. Ele me ensinava português, e eu tocava para ele. Éramos mais amigos e companheiros do que pai e filho. Controlamos o ‘jogo do bicho’, as brigas de navalha, e 'bebemos' juntos...” E eis-me aqui. Eu devo minha condenação a ele. E, te conhecendo, não a lamento.
♠♠♠♠♠ "Minha paranóia só cessou com a chegada dos anos 70. Só então pude ver a ‘Europa brasileira’, os Estados do sul, conhecer a Sociedade dos Atiradores Alemães. As pessoas esquecem. Ninguém, nem o mais perverso caçador judeu, suspeitaria de alguém que aparenta apenas 30 anos.” <Pausa>.
♠♠♠♠♠ Ah, Amanda! Doce Amanda! Eu devo a vida, e a não-vida, a ele. Os grilhões da gratidão são mais doces que o poder, e mais compensadores que as oportunidades que surgem das laias inferiores e conspiradoras. Eu te amo, e amo Gabriel. Vocês são minha família. Eu sei que tu não teve família. Sei da tua história. Sei que tu teve uma benfeitora cigana, que tinha muito carinho por ti. E sei que ela sobreviveu ao Gheto de Varsóvia, a Auschwitz, à fome e a indigência na Ucrânia. Ela te contou como era, não é? Ela sentiu na pele...
♠♠♠♠♠ Não chore, querida. Por isso teu olhar de decepção! Eu ganhei a Cruz de Ferro, duas vezes, mas eu a mereci! E mais do que Hitler! Porque salvei vidas. Criança! Cuidado com os julgamentos. A justiça é cega, e preconceituosa. Te mostrei o outro lado da moeda. Não existem exércitos bons ou maus. Só pessoas más que se reúnem, e arrastam outros consigo. E há pessoas igualmente más que pensam que são justas. Vi muitos rapazes inocentes, tirados de suas famílias, e obrigados a lutar e a morrer por um ideal que não lhes pertencia. Sendo mortos por ‘heróis’ ainda menos dignos de glória. A justiça é cega, e preconceituosa. Às vezes, o mundo confunde ‘sede de Justiça’ com ‘ponto de vista’.
♠♠♠♠♠ Tu tá confusa, eu sei. É muita informação. Pensa no que deve ter sido pra mim... Foi uma surpresa, eu sei... Só o que posso te oferecer é a minha gratidão, estendida a ti por nosso caro Gabriel. Quanto à Cruz, eu mexi no baú e dei por falta dela. Sim! Está aí! Imaginei isso: Tu sentiu minha falta, e resolveu “dar uma mexidinha nas minhas coisas”. Um dia, em um momento propício, te contaríamos essa história. Eu nunca fui nazista! Mas sempre fui alemão (ainda que criado na Áustria)!
♠♠♠♠♠ Sabe, imaginei que logo nos veríamos... Gostaria de ter te trazido um suco de uva. Sei que tu ama, mesmo não... Mas eu te trouxe isso, minha flor. Toma! Comprei esta caixinha numa barraca que já estava quase fechando. Abra! Ela toca Chopin. É um presente simples, barato, mas é o que tenho a oferecer! Além, é claro, de minha fidelidade e meu amor à nossa família. <Pausa>.
♠♠♠♠♠ Nos vemos depois, querida. ‘Pleased to meet you! Hope you guess my name.’
<Risos e silêncio>.
♠♠♠♠♠ Gute Nacht, Mein Liebe!
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